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sábado, outubro 2

Você

Quando eu desisto
Você toma a iniciativa
E me liga
Quando eu já não sei mais
Você sorri
E diz que sou linda
Quando eu resolvo virar o rosto
Você quer
Me segura e beija
Quando eu penso que já me esqueceu
Você vem, me abraça e coisas muito melhores
Como só comigo poderia ser
Quando o sonho parece distante
Você diz pra mim que ele é real
E que a gente não pode viver sem ele
Quando o Herói começa a cair
Você vence mais uma batalha
E mostra que um Herói nunca morre...

terça-feira, agosto 31

Verão

Será o brilho do olhar ou a pureza do sorriso ou a doçura das palavras...
Algo em nós que nos une e nos deixa transparente perante o outro, mas que ao mesmo tempo larga no ar aquela sensação de “o que será do amanhã”. Será que acordaremos lado a lado com o café e o jornal nos pés da cama... A janela aberta, a cortina esvoaçando e os primeiros raios de Sol batendo no teu rosto, traduzindo os desejos, as fantasias. Fazendo de uma manhã qualquer o nosso dia. E o banho gelado para acalmar os ânimos e revitalizar as células. Eu ligo a TV, os desenhos animados parecem querer saltar fora da tela, parece que sabem o que acontece aqui, comigo e com você, parece que eles acreditam na gente, mudo o canal e a temperatura do dia aparece: máxima 32 graus, é o verão.
Desligo.
E você com aquele seu jeito de dizer “eu te amo”, me faz esquecer do calor, do trânsito, da falta de sorte na loteria...
E quem sabe não é disso que vive um casal, quem sabe com um pouco de chuva ou frio as coisas ficassem mais corpo e menos alma, quem sabe quando o inverno chegar a gente aprenda a se utilizar de palavras, a gente aprenda a sentar lado a lado, a gente aprenda a primeiro jantar e depois comer a sobremesa, quem sabe?

domingo, agosto 22

Amanda

Um dia ela percebeu com clareza quem forrava as paredes ásperas, que lhe traziam aquela coisa de prisão...
Suas próprias mãos!

Onde quer que acariciasse, desde que fosse de concreto, fazia brotar uma vegetação rasteirinha, quase um veludo... Lembrou-se até de quando sua mãe lhe contara a história do menino do dedo verde!

E aquele veludo todo ia encobrindo seus muros e paredes, e dos vizinhos também.

Passado algum tempo, quase acostumada com todos aqueles tapetes naturais ao seu redor, percebeu que se recostasse a cabeça para descansar, uma soneca que fosse, aquela folhagem falava com ela...

Dizia exatamente o que era preciso para ajudar alguém em dificuldades - por menores que estas fossem.
Falava também sobre sua mãe e como ela, especial que sempre fora, lhe havia dado este dom: transformar o concreto opressor em vede cheio de vida - desde que esta fosse a sua vontade.
O legado de sua mãe era uma crença antiga, sobre os elementos e elementais, que nutrem nosso mundo com tudo aquilo de que precisamos: água, oxigênio e uma terra saudável para nos dar alimento.

E agora?

Como explicar na escola que a parede ao lado de sua mesa, além de ter folhagens, também podia ensinar o que realmente havia de importante no que a professora dizia!

Tudo isso, apenas aprendendo a linguagem das folhas!

O que por sinal, não foi nada difícil, aquela era a linguagem com a qual sua mãe lhe havia cantado muitas e muitas cantigas, mesmo quando nossa menina ainda estava no ventre...

Um dia todos haveriam de compreender, e aprender a tirar proveito disto, folhas que cresciam no concreto das paredes para dar uma lição sobre persistência, vontade de viver e mostrar como tudo e possível quando o que se quer vem realmente do coração!

E assim, ela tinha parte do dom de sua mãe e muito a aprender sobre aquela nova experiência...

"Por quanto tempo ainda terei ouvidos livres da maldade e ganância, para poder encostar-los às paredes?"

Por quanto tempo ela ainda seria pura de coração o suficiente para que a antiga linhagem dos que ouvem o verde pudesse se manifestar livremente...

Essas eram questões, que lá de longe, em algum lugar entre o céu e a terra, sua mãe mantinha em mente.
Não queria perder sua menina para uma sociedade de concreto!

E assim rezavam cada dia, mãe e filha, para que o mundo desse espaço a tudo o que havia sido perdido; a linda comunicação e tudo o que traz vida ao homem na Terra.

Para que cada vez mais, os filhos dos jardins pudessem descobrir seu talento, e com ele mudar o mundo, aos pouquinhos que fosse, mas trazer a paz, a verdade e a cura que esta por trás do dom, para assim termos mais e mais crianças felizes, tornando-se adultos íntegros e amorosos. Fazendo da Terra um lugar especial para se viver, a verdadeira escola da alma!

quinta-feira, agosto 19

Crônicas de Bordo

Vôo - Aeroporto de Congonhas - Ilha de Comandatuba

Para quem não sabe, em Ilha de Comandatuba existe um Hotel Transamérica e o aeroporto é do hotel, ou seja, não tem nada, da pista o povo vai pegar o translado e a bagagem que se vire. Ou melhor, os funcionários que se virem!

O público deste vôo é bem peculiar. Famílias inteiras, as ricas e também as emergentes, claro! Com tudo o que elas têm direito: malas, valises, sacolinhas de piscina que voltam cheias de brindes do hotel, inclusive toalhas (uma vez esqueceram uma, guardei, tenho a prova do jabá!) - e, pra continuar a lista, babás, bebês, mamadeiras e fraldas. Se o avião cai, o legado inteiro vai por água abaixo!

Na hora de servir a comida, todo mundo se refestela, menos, claro, as babás - que se mantém ocupadas em deixar as crianças numa distância segura do corredor por onde as comissárias manejam seus carrinhos (mas é obvio que tem sempre aquele pentelho que escapa!).

E lá vêm os pedidos especiais. O avô que é diabético, a recém parida que está de dieta e a(o) chata(o) que pergunta: Só tem esta opção? Nesta hora a vontade de dizer "Escuta, o vôo é pra onde mesmo? Hmm, 'opção' é no de Paris!" é tanta, vocês nem imaginam.

Com a bebida não é muito diferente não. Aquela big que foi aberta na primeira fileira, pode ter certeza que vai de encontro com um daqueles sujeitos barrigudos e cheios de si, que vai reclamar que ela está choca. E vai tentar explicar que do inicio ao fim do avião não dá tempo da bebida ficar velha. Até porque muitas vezes já é a segunda garrafa!

Chato mesmo é a hora do café. Certa vez, uma mulher, com seu bebê no colo e sua babá no banco ao lado, teve o seguinte diálogo com a comissária em parceria comigo neste "glamouroso" serviço de copeira:
- Eu quero!
- Açúcar ou adoçante?
- Açúcar.
Enquanto a colega já colocava o café na xícara e se preparava para estender a mão com o açúcar e o mexedor, ouve-se:
- Será que você já pode por dois sachês e mexer pra mim?
Mudez total.
Ela preparou e entregou a xícara. Enquanto isso a babá, que neste momento se realiza, está em vantagem: até ela pode pedir "um cafezinho". Não mexeu um dedo e continuou olhando pro além da imaginação. Vai saber se ela não estava era cobiçando ser apenas a comissária que nunca mais ia ver a chata na vida!Já com o café em mãos, a chata continua:
- Ei, espere-me tomar para já levar a xícara, não quero que fique aqui...
Mudez, troca de olhares comigo, contamos juntas até dez, olhamos ao redor, vários passageiros querendo café e a gente ali, deixando esfriar no bule.

A volta é um pouquinho pior em alguns aspectos e melhor em outros. Tirando a quantidade de bagagem que não se tem onde por (ex. toalhas Transamérica Hotel).
Eles estão voltando de férias, mais bronzeados, com a auto estima melhor (isso significa menor necessidade de tratar mal o próximo, que no caso são as “aeromoças”), querem tirar uma soneca, não se preocupam muito com a comida (também, já encheram o buxo por uma semana!).

Em compensação, o avião inteiro já se conhece, falta só a brincadeira do amigo secreto (que não rola aqui, afinal isso é coisa de “pobre”). Então temos um ir e vir eterno, durante aproximadamente 3hs, o que faz com que nosso trabalho demore muito, indo e vindo, dando passagem para as “maletas” que querem aproveitar seus últimos minutos de férias ao lado dos novos amigos.

Só quem não volta bem é a babá. Essa, de férias não teve nada, deve até ter tomado um “torrão de Sol”, porque tempo para passar bloqueador em si mesma não existiu. Não pode aproveitar uma única atividade noturna por diversos fatores (seus patrões estariam lá e com que modelito elas iriam?).

Enfim, Sampa – Comandatuba – Sampa não paga nem a maquiagem e o gel que usamos e ainda dá despesa com o sal de frutas para enjôo que eles dão na gente.