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domingo, agosto 22

Amanda

Um dia ela percebeu com clareza quem forrava as paredes ásperas, que lhe traziam aquela coisa de prisão...
Suas próprias mãos!

Onde quer que acariciasse, desde que fosse de concreto, fazia brotar uma vegetação rasteirinha, quase um veludo... Lembrou-se até de quando sua mãe lhe contara a história do menino do dedo verde!

E aquele veludo todo ia encobrindo seus muros e paredes, e dos vizinhos também.

Passado algum tempo, quase acostumada com todos aqueles tapetes naturais ao seu redor, percebeu que se recostasse a cabeça para descansar, uma soneca que fosse, aquela folhagem falava com ela...

Dizia exatamente o que era preciso para ajudar alguém em dificuldades - por menores que estas fossem.
Falava também sobre sua mãe e como ela, especial que sempre fora, lhe havia dado este dom: transformar o concreto opressor em vede cheio de vida - desde que esta fosse a sua vontade.
O legado de sua mãe era uma crença antiga, sobre os elementos e elementais, que nutrem nosso mundo com tudo aquilo de que precisamos: água, oxigênio e uma terra saudável para nos dar alimento.

E agora?

Como explicar na escola que a parede ao lado de sua mesa, além de ter folhagens, também podia ensinar o que realmente havia de importante no que a professora dizia!

Tudo isso, apenas aprendendo a linguagem das folhas!

O que por sinal, não foi nada difícil, aquela era a linguagem com a qual sua mãe lhe havia cantado muitas e muitas cantigas, mesmo quando nossa menina ainda estava no ventre...

Um dia todos haveriam de compreender, e aprender a tirar proveito disto, folhas que cresciam no concreto das paredes para dar uma lição sobre persistência, vontade de viver e mostrar como tudo e possível quando o que se quer vem realmente do coração!

E assim, ela tinha parte do dom de sua mãe e muito a aprender sobre aquela nova experiência...

"Por quanto tempo ainda terei ouvidos livres da maldade e ganância, para poder encostar-los às paredes?"

Por quanto tempo ela ainda seria pura de coração o suficiente para que a antiga linhagem dos que ouvem o verde pudesse se manifestar livremente...

Essas eram questões, que lá de longe, em algum lugar entre o céu e a terra, sua mãe mantinha em mente.
Não queria perder sua menina para uma sociedade de concreto!

E assim rezavam cada dia, mãe e filha, para que o mundo desse espaço a tudo o que havia sido perdido; a linda comunicação e tudo o que traz vida ao homem na Terra.

Para que cada vez mais, os filhos dos jardins pudessem descobrir seu talento, e com ele mudar o mundo, aos pouquinhos que fosse, mas trazer a paz, a verdade e a cura que esta por trás do dom, para assim termos mais e mais crianças felizes, tornando-se adultos íntegros e amorosos. Fazendo da Terra um lugar especial para se viver, a verdadeira escola da alma!

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